Alerta de Sarampo na América do Norte: Entenda os Riscos e Como se Proteger

Por Mizael Xavier
Alerta de Sarampo na América do Norte: Entenda os Riscos e Como se Proteger

Surto de Sarampo Acende Alerta nos EUA, Canadá e México

Um aumento preocupante nos casos de sarampo tem sido observado em diversos países da América do Norte, incluindo Estados Unidos, Canadá e México, gerando alertas de saúde pública e destacando a importância crucial da vacinação. Autoridades de saúde como a Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS) e os Centros de Controle e Prevenção de Doenças (CDC) dos EUA têm monitorado a situação de perto, que representa um retrocesso em relação aos esforços de eliminação da doença.

O que é o Sarampo?

O sarampo é uma doença infecciosa aguda, causada por um vírus da família Paramyxoviridae, do gênero Morbillivirus. É extremamente contagiosa, sendo transmitida facilmente de pessoa para pessoa por meio de gotículas respiratórias expelidas ao tossir, espirrar ou falar. O vírus pode permanecer ativo no ar ou em superfícies por até duas horas. Uma pessoa infectada pode transmitir o vírus para cerca de 90% das pessoas próximas que não estejam imunes. O único reservatório conhecido do vírus é o ser humano.

Situação Atual do Surto de Sarampo

Em 2025, Estados Unidos, Canadá e México registraram um aumento significativo no número de casos de sarampo em comparação com anos anteriores. Os EUA, por exemplo, viram o número de infecções ultrapassar marcas históricas recentes, com surtos localizados em diversas jurisdições, sendo o Texas um dos epicentros. O Canadá também enfrenta um dos maiores surtos desde a eliminação da doença no país. No México, casos foram confirmados, muitas vezes ligados a surtos em comunidades vizinhas nos EUA. Esse cenário levou a OPAS/OMS a emitir alertas epidemiológicos, instando os países a intensificar a vacinação e a vigilância. O Brasil, embora tenha reconquistado o certificado de eliminação do sarampo, permanece em alerta devido ao risco de importação de casos, com alguns registros esporádicos confirmados recentemente.

Sintomas do Sarampo: Como Reconhecer

Os sintomas iniciais do sarampo geralmente aparecem de 10 a 14 dias após a exposição ao vírus e podem ser confundidos com um resfriado ou gripe. Os principais sinais incluem:

  • Febre alta (acima de 38,5°C).
  • Tosse seca persistente.
  • Coriza (nariz escorrendo ou entupido).
  • Conjuntivite (olhos vermelhos e lacrimejantes).
  • Mal-estar intenso e perda de apetite.

Após 3 a 5 dias desses sintomas iniciais, surge a erupção cutânea característica (exantema): manchas vermelhas que começam no rosto e atrás das orelhas, espalhando-se progressivamente para o resto do corpo. A persistência da febre após o aparecimento das manchas pode indicar maior gravidade.

Complicações Graves Associadas ao Sarampo

O sarampo não é uma doença inofensiva e pode levar a complicações sérias, especialmente em crianças menores de 5 anos, adultos com mais de 20 anos, gestantes e pessoas com sistema imunológico comprometido. As complicações mais comuns incluem:

  • Pneumonia: Infecção pulmonar que é a causa mais comum de morte por sarampo em crianças pequenas.
  • Otite Média Aguda: Infecção do ouvido médio, podendo levar à perda auditiva permanente.
  • Diarreia Grave: Pode levar à desidratação, especialmente em crianças.
  • Encefalite: Inflamação do cérebro, que ocorre em cerca de 1 a 4 a cada 1.000 casos, podendo causar convulsões, danos cerebrais permanentes ou morte.
  • Panencefalite Esclerosante Subaguda (PEESA): Uma complicação neurológica degenerativa muito rara e fatal, que pode ocorrer anos após a infecção inicial.
  • Complicações na gravidez: A infecção durante a gestação aumenta o risco de parto prematuro, baixo peso ao nascer e aborto espontâneo.
  • Cegueira: Particularmente em crianças com deficiência de vitamina A.

Prevenção: A Importância da Vacinação contra o Sarampo

A forma mais eficaz e segura de prevenir o sarampo é através da vacinação. A vacina estimula o sistema imunológico a criar defesas contra o vírus, conferindo proteção duradoura.

A Vacina Tríplice Viral (SCR)

A vacina mais utilizada é a Tríplice Viral (SCR ou MMR em inglês), que protege contra três doenças: sarampo, caxumba e rubéola. Existe também a vacina Tetra Viral, que inclui proteção contra a varicela (catapora). A vacina SCR é feita com vírus vivos atenuados, ou seja, enfraquecidos, incapazes de causar a doença em pessoas saudáveis, mas suficientes para gerar imunidade. A eficácia da vacina é muito alta, superior a 95% (chegando a 97%) após a administração das duas doses recomendadas. Reações adversas graves são raras; as mais comuns são leves, como febre baixa ou dor local. É fundamental ressaltar que a vacina SCR é segura e não causa autismo, um mito já amplamente desmentido pela comunidade científica global.

Recomendações de Vacinação

O esquema vacinal de rotina geralmente envolve duas doses da vacina SCR: a primeira aos 12 meses de idade e a segunda aos 15 meses (podendo esta ser com a SCR ou Tetra Viral). Crianças, adolescentes e adultos que não foram vacinados ou não têm certeza sobre seu histórico vacinal devem procurar um serviço de saúde para avaliação e possível aplicação de duas doses, com intervalo recomendado. A queda nas taxas de cobertura vacinal é um dos principais fatores que contribuem para o ressurgimento de surtos de sarampo em várias partes do mundo. Manter altas coberturas vacinais (acima de 95%) é essencial para a proteção individual e coletiva, criando a chamada imunidade de rebanho.

O que Fazer em Caso de Suspeita ou Exposição?

Se houver suspeita de sarampo (presença dos sintomas característicos), é crucial procurar atendimento médico imediatamente e informar sobre a suspeita para que as devidas precauções de isolamento sejam tomadas. Pessoas com sarampo devem evitar contato com outras pessoas, especialmente as não vacinadas ou vulneráveis, durante o período de transmissibilidade (de 4-6 dias antes até 4-6 dias após o início da erupção). Não existe tratamento antiviral específico para o sarampo; o manejo foca no alívio dos sintomas com repouso, hidratação adequada e medicamentos para febre (como paracetamol ou ibuprofeno, conforme orientação médica). Em alguns casos, especialmente em crianças com quadros graves ou desnutrição, a suplementação com Vitamina A pode ser indicada sob supervisão médica.

Pessoas não imunes que foram expostas ao vírus podem se beneficiar da vacinação até 72 horas após a exposição, ou do uso de imunoglobulina em situações específicas (como gestantes ou imunocomprometidos) até seis dias após o contato, para tentar prevenir ou atenuar a doença.

Conclusão: Vigilância e Ação Coletiva

O atual cenário de surtos de sarampo na América do Norte é um lembrete contundente de que doenças preveníveis por vacinação podem ressurgir rapidamente quando as taxas de imunização caem. A vacinação com a Tríplice Viral (SCR) continua sendo a ferramenta mais poderosa para proteger indivíduos e comunidades contra o sarampo e suas graves complicações. É fundamental que a população mantenha a caderneta de vacinação atualizada, seguindo as recomendações de órgãos como o Ministério da Saúde do Brasil, a OPAS/OMS e o CDC. A vigilância constante e a ação coletiva são essenciais para controlar a disseminação do vírus e manter o status de eliminação da doença.

Mizael Xavier

Mizael Xavier

Desenvolvedor e escritor técnico

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