Governo Trump Planeja Encerrar Programa Energy Star, Gerando Incertezas Sobre Economia de Energia e Impacto Ambiental

Por Mizael Xavier
Governo Trump Planeja Encerrar Programa Energy Star, Gerando Incertezas Sobre Economia de Energia e Impacto Ambiental

Fim de uma Era? Programa Energy Star Sob Ameaça

A administração Donald Trump revelou planos para encerrar o popular programa Energy Star, uma iniciativa que há mais de três décadas ajuda consumidores a economizar energia e reduzir o impacto ambiental. A notícia, divulgada inicialmente pelo The Washington Post e repercutida pelo TechCrunch, levanta preocupações sobre o futuro da eficiência energética nos Estados Unidos e as possíveis consequências para os consumidores e para o meio ambiente.

O anúncio teria ocorrido durante uma reunião no Gabinete de Proteção Atmosférica da Agência de Proteção Ambiental (EPA) dos Estados Unidos, departamento que, coincidentemente, também foi alvo de encerramento. Fontes indicam que a decisão visa reduzir o orçamento federal, mas críticos apontam para um potencial "sabotagem econômica" que afetaria o bolso das famílias americanas para beneficiar doadores da indústria de combustíveis fósseis.

O Legado do Energy Star: Economia e Sustentabilidade

Lançado em 1992 pela EPA em parceria com o Departamento de Energia (DOE) dos EUA, o Energy Star se tornou um símbolo de eficiência energética. Os icônicos selos azuis ou amarelos em eletrodomésticos, eletrônicos, equipamentos de aquecimento e refrigeração, e até mesmo em residências e edifícios comerciais, indicam que o produto ou construção atende a rigorosos padrões de economia de energia estabelecidos pelo programa.

Ao longo de seus 33 anos de existência, estima-se que o Energy Star tenha proporcionado uma economia de mais de 500 bilhões de dólares em custos de energia para os cidadãos americanos. Em média, um americano economiza cerca de 450 dólares anualmente em suas contas de luz ao optar por produtos com a certificação. Além da economia financeira, o programa contribuiu significativamente para a redução da emissão de gases de efeito estufa, evitando cerca de 4 bilhões de toneladas métricas de emissões.

O programa funciona como uma parceria público-privada, certificando produtos energeticamente eficientes e auxiliando os consumidores a identificar e acessar possíveis créditos fiscais associados a esses equipamentos. Mais de 75 categorias de produtos são elegíveis para o selo Energy Star, abrangendo desde geladeiras e máquinas de lavar até computadores e sistemas de iluminação.

Implicações do Encerramento do Energy Star

A decisão de encerrar o Energy Star, caso se concretize, pode ter diversas implicações:

  • Aumento nos Custos de Energia para Consumidores: Sem o selo como referência, os consumidores podem ter mais dificuldade em identificar produtos eficientes, o que pode levar a um aumento no consumo de energia e, consequentemente, nas contas de luz.
  • Impacto Ambiental Negativo: A menor adoção de produtos eficientes pode resultar em um aumento nas emissões de gases de efeito estufa, dificultando o combate às mudanças climáticas.
  • Incerteza para Fabricantes: Empresas que investiram em tecnologias para atender aos padrões do Energy Star podem enfrentar incertezas sobre o futuro e a valorização de seus produtos eficientes.
  • Questões Legais: Tecnicamente, uma administração presidencial não pode encerrar legalmente o programa sem o consentimento do Congresso. No entanto, a administração Trump já enfrentou questionamentos legais semelhantes em outras ocasiões.

A EPA ainda não especificou quando a decisão entraria em vigor ou a partir de que momento os consumidores deixariam de encontrar as certificações Energy Star nos produtos. A Aliança para Salvar Energia, uma coalizão sem fins lucrativos, criticou a medida, afirmando que o programa, com um orçamento anual de apenas 32 milhões de dólares, gera um retorno de 350 dólares para cada dólar federal investido, ajudando as famílias americanas a economizar mais de 40 bilhões de dólares anualmente em custos de energia.

O Energy Star e a Computação Verde

O conceito de "computação verde" ou sustentável, que visa reduzir o impacto ambiental da tecnologia, teve um de seus marcos iniciais justamente com a criação do programa Energy Star em 1992. O objetivo era identificar eletrônicos de consumo que atendessem a padrões de eficiência energética. O fim do programa pode representar um retrocesso nesses esforços, especialmente em um momento em que a demanda por data centers e o consumo de energia por dispositivos eletrônicos continuam crescendo.

Um Futuro Incerto para a Eficiência Energética nos EUA

O possível fim do programa Energy Star representa um ponto de interrogação significativo para o futuro da eficiência energética nos Estados Unidos. A iniciativa, que por décadas serviu como um guia confiável para consumidores e um incentivo para a indústria desenvolver produtos mais sustentáveis, agora enfrenta a possibilidade de ser descontinuada. Resta aguardar os desdobramentos e as possíveis reações do Congresso e da sociedade civil a essa controversa decisão.

Mizael Xavier

Mizael Xavier

Desenvolvedor e escritor técnico

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