OJU: Dois Documentários que Salvaram minha Sexta

Uma Sexta-feira Transformada pelo Cinema
A rotina de uma sexta-feira exaustiva, com o peso das responsabilidades e a pressão do trabalho, pode ser interrompida por momentos de respiro. A observação de eventos esportivos, como a vitória da seleção brasileira, a despedida de Messi e as semifinais femininas do US Open, oferecem uma pausa necessária, um escape momentâneo da realidade.

Pequenas ações do cotidiano, como trocar uma lâmpada, lavar a louça ou limpar o banheiro, podem trazer um senso de controle e acalmar a mente. A preparação para uma entrevista, com sua pesquisa e organização, alimenta a dopamina e o impulso para seguir em frente. Mas foi no Cinesesc, em São Paulo, que encontrei um escape ainda maior.
OJU: Rodas de Cinema Negro - Uma Imersão na Cultura Afro-Brasileira
A 4ª edição do OJU – Rodas de Cinema Negro, que ocorreu até 11 de setembro, me ofereceu uma experiência transformadora. A escolha recaiu sobre dois documentários que me impactaram profundamente: 'Três Obás de Xangô', de Sérgio Machado, e 'Brasiliana: o musical negro que apresentou o Brasil ao mundo', de Joel Zito Araújo.
'Três Obás de Xangô': Uma Celebração da Cultura Baiana
'Três Obás de Xangô' mergulha na amizade entre Carybé, Jorge Amado e Dorival Caymmi, três figuras icônicas da Bahia. O documentário explora suas artes, visões de mundo e a profunda ligação com o Candomblé, mostrando a importância dos Obás de Xangô como mediadores entre o terreiro e a sociedade. A narrativa entrelaça história, cultura e personagens, oferecendo uma visão rica e fascinante da cultura baiana.
A obra destaca a riqueza da cultura afro-brasileira, mostrando como a fé, a arte e a amizade se entrelaçam para criar uma identidade cultural única. A beleza da fotografia e a profundidade da narrativa tornam este documentário uma experiência memorável, que convida a uma reflexão sobre a importância da preservação da cultura e da memória.
'Brasiliana': A História do Teatro Experimental do Negro
'Brasiliana' celebra a trajetória do Teatro Experimental do Negro, fundado por Haroldo Costa, e sua companhia de dança. O documentário de Joel Zito Araújo destaca a música sob a batuta do maestro José Prates e os arranjos do musical 'Navio Negreiro', mostrando a força da cultura africana na formação da identidade brasileira.
Apesar dos desafios enfrentados pelos artistas, como baixos salários e a exploração da imagem sexualizada, a companhia ofereceu a oportunidade de viajar e se apresentar na Europa entre os anos 1960 e 1970. O filme aborda as idiossincrasias do machismo e do racismo da época, mostrando a luta por reconhecimento e representatividade.
A obra é um testemunho da resistência e da perseverança dos artistas negros na construção de sua própria narrativa, mostrando a importância da arte como ferramenta de luta e transformação social. A música, a dança e a atuação se unem para criar uma experiência emocionante e inspiradora.
Uma Experiência Transformadora
A saída do Cinesesc foi marcada pelo desejo de pesquisar, ler mais Jorge Amado, ouvir Caymmi e José Prates. A cultura, a busca pelo conhecimento e a imersão nestas histórias revelaram um sentido para a vida, um antídoto para a exaustão do dia a dia. Essa jornada cinematográfica resgatou a esperança e a energia para enfrentar os desafios da semana seguinte. Esses dois filmes, sem dúvida, salvaram minha sexta-feira.
Se você busca experiências culturais enriquecedoras e reflexivas, recomendo fortemente a busca por esses documentários. O OJU oferece uma plataforma importante para a visibilidade da produção cinematográfica negra, e sua programação merece ser explorada por todos que se interessam por cultura, história e arte.
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