Starlink, da SpaceX, emerge como grande beneficiária da guerra tarifária de Trump, revelam memorandos vazados
Starlink da SpaceX e a Guerra Comercial
Documentos internos recentemente vazados indicam que a SpaceX, empresa aeroespacial de Elon Musk, através de seu serviço de internet via satélite Starlink, tornou-se uma beneficiária significativa das políticas tarifárias impostas durante a administração de Donald Trump. Essas tarifas, parte de uma guerra comercial mais ampla, especialmente com a China, parecem ter criado um ambiente de negócios vantajoso para a Starlink em diversas frentes.
A estratégia agressiva de imposição de tarifas pelos Estados Unidos sobre produtos de diversos países, incluindo concorrentes diretos ou indiretos no setor de tecnologia e telecomunicações, abriu espaço para a expansão da Starlink. Países que buscavam evitar ou mitigar o impacto dessas penalidades comerciais demonstraram um interesse renovado nos serviços da empresa norte-americana.
Estratégias e Negociações da Starlink
Os memorandos vazados sugerem que a aprovação regulatória e a concessão de licenças para a Starlink em certos países podem ter sido facilitadas como parte de negociações comerciais mais amplas com Washington. Embora não haja evidências diretas de que Trump tenha explicitamente condicionado o alívio tarifário à aprovação da Starlink, percebe-se uma correlação entre as negociações comerciais e o avanço da empresa em novos mercados.
Por exemplo, na Índia, relata-se que os órgãos reguladores aceleraram as aprovações para a Starlink em um esforço para suavizar as conversas sobre acordos comerciais mais abrangentes com os EUA. Em outras nações, como Lesoto, a Starlink obteve sua primeira licença de operação semanas após os Estados Unidos imporem tarifas significativas sobre as exportações daquele país. Concessões semelhantes para evitar tarifas mais altas e melhorar as relações comerciais com Washington também foram observadas em países como Somália, Bangladesh e Vietnã.
Essa dinâmica parece fazer parte de um esforço maior dos Estados Unidos para contrapor a crescente influência da China no mercado global de telecomunicações. A China tem seus próprios planos ambiciosos para serviços de internet via satélite, visando competir diretamente com a Starlink, inclusive no Brasil.
O Impacto das Tarifas de Trump sobre a Concorrência
As tarifas impostas pela administração Trump sobre equipamentos de telecomunicações e tecnologia provenientes da China e de outros países podem ter tornado os produtos e serviços concorrentes da Starlink menos competitivos no mercado. Ao mesmo tempo, a Starlink buscou proteção do governo dos EUA contra o que considera barreiras comerciais impostas por nações estrangeiras, argumentando que enfrenta taxas regulatórias e de importação elevadas em outros mercados, enquanto concorrentes estrangeiros não arcariam com custos semelhantes nos EUA.
No entanto, é importante notar que a própria SpaceX também enfrenta desafios devido às tarifas, especialmente em sua cadeia de suprimentos, que depende de componentes asiáticos. Algumas empresas fornecedoras da Starlink, inclusive, transferiram parte de suas operações para países como Vietnã e Tailândia, que também foram afetados pelas tarifas de Trump.
Apesar desses desafios, a percepção geral, conforme sugerido pelos documentos vazados, é que a Starlink soube navegar no complexo cenário da guerra comercial, utilizando a conjuntura política e econômica para expandir sua presença global. A empresa se posicionou como uma alternativa atraente para nações que buscavam manter boas relações comerciais com os Estados Unidos em um período de intensas disputas tarifárias.
A expansão da Starlink é vista não apenas como um avanço comercial, mas também como um componente da estratégia tecnológica e de influência global dos Estados Unidos. O controle sobre as infraestruturas de comunicação é cada vez mais crucial no cenário geopolítico, e a Starlink desempenha um papel central nesse contexto.
Incidentes como o cancelamento de um contrato da Starlink pela província de Ontário, no Canadá, em resposta direta às tarifas impostas por Trump, ilustram a complexa intersecção entre política comercial e negócios internacionais. Mesmo assim, a trajetória geral da Starlink durante esse período parece ter sido de crescimento e consolidação de mercado, em parte devido às dinâmicas criadas pela guerra tarifária.
