Grupo de Ransomware Play Explora Vulnerabilidade Zero-Day do Windows em Ataque Sofisticado

Por Mizael Xavier

Nova Ameaça Cibernética: Grupo Play Ransomware e a Exploração de Falha Zero-Day no Windows

Atores de ameaças ligados ao grupo de ransomware Play Ransomware, também conhecido como Balloonfly ou PlayCrypt, exploraram com sucesso uma vulnerabilidade zero-day recentemente corrigida no Microsoft Windows. O ataque teve como alvo uma organização não revelada nos Estados Unidos, evidenciando a contínua ameaça representada por operações de ransomware sofisticadas.

A falha explorada, identificada como CVE-2025-29824, é uma vulnerabilidade de escalonamento de privilégio no Windows Common Log File System (CLFS). Esta brecha permitiu aos atacantes elevar seus privilégios de um usuário padrão para o nível SYSTEM, facilitando a implantação efetiva do ransomware em redes comprometidas.

Detalhes da Exploração da Vulnerabilidade pelo Play Ransomware

O processo de exploração envolveu etapas sofisticadas, começando com o acesso inicial, possivelmente através de um dispositivo Cisco Adaptive Security Appliance (ASA) exposto publicamente. Em seguida, o malware PipeMagic foi utilizado para estabelecer uma posição no ambiente da vítima. A exploração da vulnerabilidade CVE-2025-29824 permitiu o escalonamento de privilégios, uma etapa crucial para atividades maliciosas subsequentes. Além disso, os atacantes utilizaram ferramentas como Sysinternals procdump.exe para despejar a memória do LSASS (Local Security Authority Subsystem Service) e extrair credenciais de usuário. Embora nenhum payload de ransomware tenha sido implantado neste incidente específico, a infraestrutura estava preparada para potenciais ataques futuros.

É importante notar que a natureza da exploração detalhada pela Symantec, parte da Broadcom, não se sobrepõe a outro cluster de atividade apelidado de Storm-2460, que a Microsoft divulgou ter armado a falha em um conjunto limitado de ataques para entregar um trojan chamado PipeMagic.

Táticas e Ferramentas do Play Ransomware

O grupo Play Ransomware, ativo desde meados de 2022, é conhecido por suas táticas de dupla extorsão, que envolvem a exfiltração de dados antes da criptografia. O grupo utiliza uma variedade de ferramentas e técnicas para atingir seus objetivos. Entre as ferramentas comuns estão AdFind, para consultas no Active Directory, e Cobalt Strike, uma plataforma de emulação de adversários. Scripts PowerShell também são frequentemente empregados para diversas ações, incluindo a desativação de softwares de segurança como o Microsoft Defender. Em alguns casos, o malware Grixba, um ladrão de informações personalizado, foi associado ao Play.

Os vetores de entrada preferidos pelos operadores do Play incluem a exploração de vulnerabilidades em equipamentos Fortinet SSL VPN ou Microsoft Exchange vulneráveis e o uso de credenciais válidas adquiridas em mercados ilegais. O ransomware em si é frequentemente distribuído por meio de Política de Grupo (GPO) e executado por tarefas agendadas, PsExec ou WMIC.

O Perigo Crescente dos Ataques Zero-Day

Ataques zero-day exploram vulnerabilidades de software desconhecidas antes que os desenvolvedores possam criar correções. Isso significa que as equipes de segurança têm zero dias para se preparar, resultando frequentemente em perda de dados, interrupção operacional e danos à reputação. A exploração de vulnerabilidades zero-day, como a CVE-2025-29824 pelo Play Ransomware, demonstra a crescente sofisticação dos grupos de ransomware. Outros exemplos notórios de vulnerabilidades zero-day exploradas em larga escala incluem o WannaCry, que se aproveitou de uma falha no Windows em 2017.

Impacto e Mitigação

O impacto de um ataque de ransomware zero-day pode ser devastador. A descoberta tardia da vulnerabilidade pode significar meses de acesso secreto dos atacantes aos sistemas comprometidos. Para mitigar esses riscos, as organizações devem priorizar a aplicação oportuna de patches e a implementação de medidas de segurança robustas. Isso inclui manter todo o software atualizado, educar os funcionários sobre táticas de phishing, implementar sistemas de backup robustos e utilizar soluções de segurança que possam detectar e prevenir a exploração de vulnerabilidades. Ferramentas de Inteligência de Ameaças (Threat Intelligence) também podem auxiliar na identificação proativa e na defesa contra esses ataques, ajudando a priorizar patches e configurar sistemas de detecção de intrusão mais eficientes.

A exploração da CVE-2025-29824 pelo Play Ransomware serve como um lembrete crítico da importância da cibersegurança no cenário digital atual e da necessidade de uma postura de segurança vigilante e adaptativa.

Mizael Xavier

Mizael Xavier

Desenvolvedor e escritor técnico

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