Farmacêuticas se opõem ao plano de Trump para preços de 'nação mais favorecida'

Por Mizael Xavier
Farmacêuticas se opõem ao plano de Trump para preços de 'nação mais favorecida'

Plano de Trump sobre preços de medicamentos gera debate acalorado

Uma proposta controversa do ex-presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, para atrelar os preços dos medicamentos nos EUA aos de países com valores mais baixos, conhecida como política de "nação mais favorecida" (NMF), está novamente no centro de um intenso debate. A indústria farmacêutica, através de seu poderoso grupo de lobby, a Pharmaceutical Research and Manufacturers of America (PhRMA), manifestou forte oposição à medida, alertando para consequências negativas para a inovação e o acesso a novos tratamentos.

A ideia central da política de NMF é que o governo americano, principalmente através do Medicare, não pague por medicamentos prescritos mais do que o menor preço praticado em outras nações desenvolvidas. Trump defende que essa abordagem reduziria significativamente os custos dos medicamentos para os consumidores americanos, que atualmente pagam alguns dos preços mais altos do mundo.

A reação da indústria farmacêutica ao plano de Nação Mais Favorecida

As empresas farmacêuticas e seus representantes argumentam que a implementação de tal política teria um impacto devastador na indústria. Alegam que a redução drástica das receitas limitaria severamente a capacidade de investimento em pesquisa e desenvolvimento (P&D) de novos medicamentos. Julie Kim, presidente da unidade americana da Takeda, estimou que, se a política de NMF fosse aplicada ao Medicaid, o impacto na indústria poderia chegar a US$ 1 trilhão em 10 anos. A PhRMA classificou a regra como "equivocada, ilegal e que causaria danos generalizados e sérios aos pacientes, provedores e à inovação biofarmacêutica nos EUA".

Outra preocupação levantada pela indústria é que a política de NMF não se limitaria apenas ao Medicaid, mas poderia se estender a outros programas de descontos em medicamentos do governo, como o 340B, que já é alvo de críticas por parte das farmacêuticas. Esse efeito cascata, segundo as empresas, multiplicaria os custos e não geraria economias adicionais para o governo que pudessem ser reinvestidas em outras prioridades de saúde.

Argumentos contra a política de preços de Nação Mais Favorecida

Os críticos da política de NMF, incluindo economistas e especialistas em saúde, apontam para possíveis consequências não intencionais. Um dos principais receios é que a fixação de preços baseada em mercados estrangeiros desestimule o lançamento de novos medicamentos nos Estados Unidos, considerado o principal mercado para inovação biofarmacêutica. Além disso, argumenta-se que a medida poderia levar a uma redução global no investimento em P&D, prejudicando pacientes em todo o mundo.

A complexidade da implementação e a possibilidade de desafios legais também são citadas como obstáculos significativos. Uma tentativa anterior de Trump de implementar uma política semelhante foi barrada judicialmente por não seguir os processos regulatórios adequados.

Histórico da proposta de Nação Mais Favorecida

A ideia de vincular os preços dos medicamentos nos EUA a padrões internacionais não é nova e já foi proposta e debatida em diferentes momentos. Durante o primeiro mandato de Trump, uma iniciativa similar foi apresentada, mas não avançou. A administração Biden, por sua vez, rescindiu a regra de NMF implementada por Trump, que não chegou a ser efetivada.

Apesar das controvérsias, a pressão por preços mais acessíveis de medicamentos continua sendo uma questão política relevante nos Estados Unidos. O debate em torno da política de NMF reflete a tensão entre a busca por medicamentos mais baratos e a necessidade de manter um ambiente propício à inovação farmacêutica.

A indústria farmacêutica, por sua vez, tem intensificado seus esforços de lobby junto ao Congresso americano para combater a proposta, defendendo que existem maneiras mais eficazes de incentivar o investimento em P&D e a produção de medicamentos nos EUA sem recorrer a controles de preços que consideram prejudiciais.

Mizael Xavier

Mizael Xavier

Desenvolvedor e escritor técnico

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