Delta Enfrenta Ação Coletiva Após Caos Gerado por Falha da CrowdStrike
Justiça Permite Avanço de Ação Coletiva Contra a Delta Air Lines
Um juiz federal nos Estados Unidos deu sinal verde para que uma ação coletiva contra a Delta Air Lines prossiga. A ação foi movida por passageiros que buscam reembolsos e indenizações após um apagão massivo causado por uma falha da empresa de cibersegurança CrowdStrike, que resultou no cancelamento de milhares de voos em todo o mundo. A decisão judicial permite que os clientes prossigam com reivindicações de que a Delta se recusou ou ignorou seus pedidos de reembolso imediato pelos voos cancelados ou atrasados.
O Incidente com a CrowdStrike e o Impacto na Delta
A origem do problema remonta a 19 de julho de 2024, quando uma atualização defeituosa do software Falcon da CrowdStrike foi distribuída, causando a "tela azul" em milhões de dispositivos Windows globalmente. Esse incidente paralisou sistemas críticos de diversas empresas, sendo a Delta Air Lines uma das mais severamente afetadas no setor de aviação. A companhia aérea estima ter cancelado mais de 6.500 voos, impactando aproximadamente 1,3 milhão de passageiros ao longo de cinco dias e gerando perdas estimadas em mais de 500 milhões de dólares.
Os passageiros alegam que, em decorrência das falhas da Delta, foram forçados a arcar com milhares de dólares em despesas inesperadas, incluindo passagens em outras companhias aéreas, hotéis, aluguel de carros, transporte terrestre e alimentação. Além disso, a ação judicial destaca que muitos viajantes foram separados de suas bagagens, ficando sem medicamentos necessários, roupas e outros pertences. Segundo relatos, a Delta teria oferecido apenas algumas centenas de dólares de volta ou vouchers de voo como compensação, o que é considerado insuficiente pelos demandantes.
Responsabilidade em Debate: Delta vs. CrowdStrike
A Delta Air Lines, por sua vez, não apenas enfrenta a ação dos passageiros, mas também moveu seu próprio processo contra a CrowdStrike. A companhia aérea acusa a empresa de cibersegurança de ter "forçado atualizações não testadas e defeituosas para seus clientes", alegando que a CrowdStrike agiu com negligência grave e praticou negócios enganosos e desleais. A Delta argumenta que a atualização defeituosa foi a causa direta de seus prejuízos financeiros e danos à sua reputação. A empresa aérea também afirma que não havia habilitado atualizações automáticas de software e que a CrowdStrike contornou os processos de teste e certificação.
Em contrapartida, a CrowdStrike nega as acusações e também processou a Delta, atribuindo a lenta recuperação da companhia aérea à sua própria infraestrutura de TI antiquada e falhas em modernizá-la. A CrowdStrike alega que a Delta demonstrou falta de entendimento sobre o funcionamento da cibersegurança moderna e tenta transferir a culpa por sua lenta recuperação. A empresa de cibersegurança sustenta que, após a identificação da falha, liberou rapidamente uma correção para seus clientes e que outras grandes companhias aéreas conseguiram retomar suas operações quase normalmente no dia seguinte.
Implicações da Decisão Judicial e Próximos Passos
A decisão do juiz Mark H. Cohen, do Tribunal Distrital dos EUA para o Distrito Norte da Geórgia, permite que prossigam as reivindicações de quebra de contrato por falha no reembolso e as alegações sob a Convenção de Montreal, um tratado que rege a responsabilidade das companhias aéreas em transporte internacional. Embora o juiz tenha indeferido algumas das reivindicações, a permissão para o avanço dessas acusações representa um passo significativo para os passageiros afetados. O caso, intitulado Arben Bajra, et al. v. Delta Air Lines Inc., continua em tramitação na Divisão de Atlanta do Tribunal Distrital dos EUA.
Este litígio destaca a complexa cadeia de responsabilidades em incidentes tecnológicos que afetam grandes corporações e seus clientes. As consequências financeiras e reputacionais para a Delta são consideráveis, e o desfecho do caso poderá estabelecer precedentes importantes sobre a responsabilidade de empresas por falhas de software de terceiros e a adequação das compensações oferecidas aos consumidores em situações de interrupção massiva de serviços.
