Como Fazer o Desmame: Um Guia Completo e Gentil

Por Mizael Xavier
Como Fazer o Desmame: Um Guia Completo e Gentil

Como Fazer o Desmame: Uma Jornada de Transição Afetiva

O desmame é o processo de interrupção da amamentação, uma fase natural e importante tanto para a mãe quanto para o bebê. Longe de ser apenas a suspensão do aleitamento materno, o desmame representa uma transição no vínculo e na forma de nutrição da criança. Conduzir esse processo de forma gradual e respeitosa é fundamental para evitar traumas e garantir o bem-estar de ambos. Este guia completo explora as nuances de como fazer o desmame, oferecendo informações valiosas e baseadas em conhecimento especializado.

Entendendo o Momento Certo para o Desmame

A Organização Mundial da Saúde (OMS) e o Ministério da Saúde do Brasil recomendam o aleitamento materno exclusivo até os seis meses de idade e, de forma complementar, até os dois anos ou mais. A decisão de iniciar o desmame é pessoal e deve considerar as necessidades e o ritmo da mãe e do bebê. Não existe uma idade exata, pois cada criança se desenvolve de maneira única.

Alguns sinais podem indicar que a criança está pronta para o desmame, como demonstrar menor interesse pelas mamadas, aceitar bem outros alimentos e outras formas de consolo. É importante observar se a criança já consegue sentar-se com apoio, sustentar a cabeça e demonstra curiosidade pelos alimentos consumidos pela família.

Como Fazer o Desmame de Forma Gradual e Gentil

O desmame gradual, também conhecido como "desmame gentil", é a abordagem mais recomendada por especialistas. Consiste em reduzir as mamadas aos poucos, permitindo que mãe e bebê se adaptem física e emocionalmente.

Estratégias para um Desmame Tranquilo:

  • Redução Progressiva: Comece eliminando uma mamada por vez, preferencialmente aquelas menos importantes para a criança ou que ocorrem próximas a outras atividades, como refeições ou brincadeiras. Pode-se retirar uma mamada a cada uma ou duas semanas.
  • Encurtar Mamadas: Outra técnica é diminuir gradualmente o tempo de cada mamada.
  • Não Oferecer, Não Recusar: A mãe pode optar por não oferecer o seio espontaneamente, mas também não recusar caso a criança peça.
  • Distração e Alternativas: Oferecer outros alimentos, água, brincadeiras ou atividades que distraiam a criança nos momentos em que ela costumava mamar pode ajudar.
  • Apoio Paterno e Familiar: A participação do pai ou de outros cuidadores é valiosa, oferecendo conforto e alternativas à amamentação.
  • Conversa e Combinados: Com crianças maiores, é possível conversar sobre o processo, estabelecer combinados e até mesmo oferecer recompensas simbólicas.
  • Evitar Mudanças Simultâneas: É aconselhável não iniciar o desmame em períodos de grandes mudanças na rotina da criança, como o nascimento de um irmão, início na creche ou controle dos esfíncteres.

O Desmame Noturno: Um Desafio Particular

O desmame noturno costuma ser o mais desafiador e, geralmente, é uma das últimas etapas do processo. Não há uma idade certa para iniciá-lo e é importante ter paciência, pois pode levar meses. Estabelecer uma rotina de sono consistente e garantir que a criança esteja bem alimentada durante o dia pode ajudar a reduzir as mamadas noturnas. Substituir o peito por outras formas de conforto, como um objeto de transição (naninha, por exemplo), pode ser uma estratégia.

Como Fazer o Desmame e os Aspectos Emocionais

O desmame é um marco que envolve uma complexa gama de emoções tanto para a mãe quanto para o bebê. A mãe pode vivenciar sentimentos como tristeza, alívio, culpa ou ansiedade. É fundamental que a mãe reconheça e valide suas próprias emoções durante essa transição. O vínculo afetivo construído durante a amamentação não se perde com o desmame; ele se transforma e se fortalece por meio de outras formas de carinho, cuidado e atenção.

Cuidados com a Mãe Durante o Desmame:

  • Alívio do Ingurgitamento: Se as mamas ficarem muito cheias e desconfortáveis, a mãe pode retirar um pouco de leite manualmente ou com bomba, apenas o suficiente para aliviar o desconforto, evitando estimular demais a produção.
  • Suporte Emocional: Buscar apoio em familiares, amigos, grupos de mães ou profissionais de saúde pode ser muito reconfortante. Compartilhar experiências e sentimentos ajuda a tornar o processo mais leve.
  • Autocuidado: É importante que a mãe cuide de seu bem-estar físico e emocional durante essa fase.

Como Fazer o Desmame: Alimentação Após a Suspensão do Leite Materno

Com a introdução alimentar a partir dos seis meses, o bebê começa a explorar novos sabores e texturas. Após o desmame completo, é crucial manter uma alimentação saudável e equilibrada, oferecendo variedade de frutas, legumes, cereais, proteínas e gorduras boas para suprir todas as necessidades nutricionais da criança. Não é necessário o uso de suplementos se a criança tiver uma dieta variada e adequada à sua idade, conforme orientação do pediatra. Produtos industrializados, corantes e achocolatados devem ser evitados.

O Que Evitar ao Fazer o Desmame

  • Desmame Abrupto: Interromper a amamentação de forma repentina não é recomendado, pois pode ser traumático para a criança, gerando insegurança e rebeldia, além de poder causar problemas físicos na mãe, como ingurgitamento mamário e mastite.
  • Passar Substâncias no Peito: Utilizar produtos para deixar o peito com gosto ruim não é uma prática recomendada, pois pode gerar culpa e confusão na criança.
  • Dizer que o Peito Está Machucado: Criar histórias de que o peito está "dodói" pode fazer a criança se sentir culpada.
  • Confundir Greve de Amamentação com Desmame: Especialmente em bebês menores de um ano, pode ocorrer a "greve de amamentação", uma recusa súbita e temporária do peito, geralmente associada a alguma causa específica (doença, dentição, estresse). Nesses casos, é importante investigar a causa e não forçar o desmame.

O processo de como fazer o desmame é único para cada dupla mãe-bebê. Conduzi-lo com informação, paciência, respeito e muito afeto é o caminho para uma transição tranquila e positiva, marcando o fim de um ciclo e o início de uma nova etapa no desenvolvimento da criança e na relação familiar. É sempre recomendado o acompanhamento com um pediatra ou profissional de saúde especializado para orientações individualizadas.

Mizael Xavier

Mizael Xavier

Desenvolvedor e escritor técnico

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