Aumento Acelerado de Casos de Demência na China: Um Alerta Global
Demência na China: Crescimento Supera a Média Mundial
Um estudo recente publicado no periódico científico New Scientist e divulgado por diversas fontes noticiosas revelou um aumento preocupante nos casos de demência na China, superando a velocidade de crescimento observada no resto do mundo. Entre 1990 e 2021, o número de casos de demência, incluindo a doença de Alzheimer, triplicou na China, enquanto globalmente esse número dobrou. Essa disparidade acende um alerta sobre os desafios de saúde pública que o país asiático enfrenta e levanta questões sobre os fatores que impulsionam essa tendência.
A pesquisa, que analisou dados de mais de três décadas do Global Burden of Disease (GBD), um banco de dados público criado em colaboração com instituições como o Banco Mundial e a Organização Mundial da Saúde (OMS), aponta para uma combinação de fatores demográficos e de risco como principais impulsionadores desse aumento. O rápido envelhecimento da população chinesa é um componente crucial, já que a idade avançada é o principal fator de risco para a demência. No entanto, o estudo também destaca a crescente prevalência de fatores de risco modificáveis.
Fatores de Risco e Impacto Desproporcional
Entre os fatores de risco evitáveis, o alto nível de açúcar no sangue, principalmente decorrente do diabetes tipo 2, surge como o principal vilão, tanto na China quanto globalmente. O tabagismo e o peso corporal elevado também foram identificados como contribuintes significativos, especialmente entre homens de meia-idade e idosos. Curiosamente, embora as mulheres apresentem uma carga geral maior da doença, em parte devido à sua maior expectativa de vida, os homens exibem taxas de mortalidade ligeiramente mais altas pela condição.
As projeções indicam que, sem intervenções eficazes, as taxas de demência continuarão a subir, especialmente na China. A OMS estima que, até 2050, o leste asiático poderá ter 16,5 milhões de casos de demência, representando um aumento de 222%. Para a América Latina, embora o número absoluto projetado seja menor (3,8 milhões), o aumento percentual pode ser ainda mais drástico, chegando a 363%.
A Janela de Prevenção e a Necessidade de Ação
Os pesquisadores enfatizam que existe uma "janela de prevenção" que precisa ser urgentemente aproveitada. A implementação de políticas públicas robustas focadas na redução do alto nível de açúcar no sangue, no combate ao tabagismo e na promoção de um estilo de vida saudável, incluindo a prática de atividades físicas e o controle do peso, pode desacelerar o aumento dos casos de demência. Estudos anteriores já demonstraram a importância do controle da hipertensão na redução do risco de demência. Além disso, fatores como baixa escolaridade, perda auditiva e isolamento social também são reconhecidos como relevantes para o desenvolvimento de demências.
A situação na China reflete um desafio global. A Alzheimer's Disease International (ADI) informa que alguém no mundo desenvolve demência a cada três segundos, e o número de pessoas vivendo com a condição deve quase dobrar a cada 20 anos, atingindo 139 milhões em 2050. A maioria desses casos ocorrerá em países de baixa e média renda. O impacto econômico também é colossal, com estimativas de que o custo mundial da demência se tornará uma doença de trilhões de dólares.
O aumento acelerado da demência na China é um chamado à ação não apenas para o país, mas para a comunidade global. A colaboração em pesquisa, o compartilhamento de estratégias de prevenção bem-sucedidas e o fortalecimento dos sistemas de saúde são fundamentais para enfrentar essa crescente crise de saúde pública. Como destaca Xi Chen, professor da Escola de Saúde Pública de Yale, a falta de cuidados básicos para pessoas com demência é uma crise de saúde pública que aumenta o risco de complicações e mortalidade precoce. Portanto, investir em prevenção e cuidados é crucial para mitigar o impacto devastador da demência em indivíduos, famílias e sociedades.
