Americanas (AMER3) Anuncia Grupamento de Ações e Aumento de Capital em Meio à Recuperação Judicial

Americanas Realiza Movimentos Estratégicos Visando Reequilíbrio Financeiro
A Americanas S.A. (AMER3), atualmente em processo de recuperação judicial, anunciou medidas significativas em uma Assembleia Geral Extraordinária (AGE). Foram aprovados o grupamento da totalidade de suas ações ordinárias e um substancial aumento de capital, movimentos que buscam reenquadrar o valor dos papéis da companhia e fortalecer sua estrutura de capital.
Detalhes do Grupamento de Ações da Americanas
O grupamento de ações da Americanas foi aprovado na proporção de 100 para 1. Isso significa que cada lote de 100 ações ordinárias existentes será consolidado em uma única ação da mesma espécie. O principal objetivo desta medida é ajustar a cotação das ações para um valor igual ou superior a R$ 1,00 por unidade, atendendo a uma exigência da B3, a bolsa de valores brasileira. Atualmente, as ações da Americanas (AMER3) são negociadas como "penny stocks", ou seja, com valor inferior a R$ 1,00. O grupamento também visa alinhar o preço da ação a um patamar mais condizente com empresas de porte similar. É importante ressaltar que o grupamento não altera o valor de mercado da empresa nem a participação proporcional dos acionistas no capital social.
Os acionistas terão um período para ajustar suas posições acionárias, vendendo ou comprando ações para formar lotes múltiplos de 100, antes que o grupamento seja efetivado. As frações de ações resultantes do grupamento serão agrupadas e vendidas em leilão na B3, com o valor líquido rateado proporcionalmente entre os titulares dessas frações. A efetivação do grupamento está prevista para ocorrer a partir de 17 de julho.
Aumento de Capital da Americanas como Parte da Recuperação Judicial
Paralelamente ao grupamento, foi aprovado um significativo aumento de capital para a Americanas, como parte crucial do seu plano de recuperação judicial. O aumento de capital pode variar entre um mínimo de R$ 12,26 bilhões e um máximo de R$ 40,7 bilhões. A proposta prevê a emissão de novas ações ordinárias a um preço de R$ 1,30 por ação. Adicionalmente, serão emitidos bônus de subscrição como vantagem para os subscritores das novas ações. Os acionistas atuais terão direito de preferência na subscrição das novas ações. Este aumento de capital é visto como fundamental para a viabilidade e o futuro da companhia.
A Americanas enfrenta um processo de recuperação judicial desde a descoberta de inconsistências contábeis bilionárias no início de 2023. A empresa também convocou uma AGE para deliberar sobre uma proposta de ação de responsabilidade civil contra ex-executivos devido aos prejuízos causados pela fraude contábil.
Contexto e Implicações do Grupamento de Ações da Americanas
O grupamento de ações é uma prática relativamente comum no mercado de capitais, especialmente para empresas cujas ações estão sendo negociadas a valores muito baixos. Além de atender às regulamentações da bolsa, o aumento do preço unitário da ação pode reduzir a volatilidade especulativa e melhorar a percepção dos investidores. No entanto, alguns analistas alertam que, embora possa haver uma alta especulativa de curto prazo, o foco principal deve ser a capacidade da empresa de gerar resultados e crescer a longo prazo. A recuperação da Americanas é um processo complexo e demorado, e as recentes medidas de grupamento e aumento de capital são passos importantes, mas que ainda geram incertezas no mercado.
Outras empresas do setor de varejo, como Magazine Luiza e Casas Bahia, também realizaram grupamentos de ações recentemente.
A administração da Americanas, incluindo a Diretora Financeira Camille Loyo Faria, e o CEO Leonardo Coelho, têm trabalhado para reestruturar a operação da companhia, focando em um sortimento de produtos mais tradicional e buscando a expansão da margem bruta.
